Resenha – A Torre Negra: As Terras Devastadas

novembro 27, 2013 em Literatura, Resenhas por Luiz Fernando Teodosio

Share Button

Em O Pistoleiro, primeiro volume da Torre Negra, somos jogados no Mundo Médio sem qualquer referência ou explicação do que está acontecendo com esse mundo que “seguiu adiante”, simplesmente acompanhamos o pequeno arco de um pistoleiro perseguindo um misterioso homem de preto, e a história termina com um aspecto introdutório de que a trama (re)começará daquele ponto. No volume seguinte, A Escolha dos Três, o cenário da história dividi-se entre a nossa realidade e o Mundo Médio de Roland de Gilead; novos personagens, que irão compor o núcleo de aventureiros do pistoleiro em busca da Torre Negra, são apresentados em luta com seus próprios conflitos internos. Já em As Terras Devastadas, a jornada de Roland finalmente parece ter início, além da adição do último membro de seu grupo que faz uma ponte com acontecimentos mostrados no primeiro livro.

Leia a resenha dos volumes anteriores AQUI e AQUI.

O terceiro volume de A Torre Negra comporta-se como uma mescla de seus dois volumes anteriores, tanto em relação a linguagem, que procura ora ser mais metafórica ora mais objetiva, quanto em relação ao enredo, que retoma os portais do segundo livro e o clima de aventura do pistoleiro pelas regiões do Mundo Médio no primeiro volume. Stephen King finalmente começa a inserir algumas explicações de como o mundo de Roland funciona e deixa o leitor um pouco mais familiarizado com esse cenário que guarda semelhanças com nossa própria realidade. Magia e tecnologia parecem coexistir num mundo que vai se deteriorando a cada segundo.

O grupo de Roland recebe (provavelmente) seu último membro, o garoto Jake Chambers apresentado no primeiro livro. É interessante a ponte com O Pistoleiro, visto que este não contribuía significativamente para o desenvolvimento da trama que parece tomar forma somente no segundo livro. A transição de Jake para o Mundo Médio – essa foi a minha impressão – demonstra que nossa realidade e o universo de Roland não são mundos paralelos e sim perpendiculares, como se a “linha” de nossa realidade gerasse uma linha perpendicular de um outro mundo, o que bate com a teoria de tudo estar se expandindo – um universo dentro de outro – apresentada no final de O Pistoleiro.

Dessa forma, Roland, forma um grupo bastante heterogêneo: Eddie Dean, um ex-viciado em drogas com um conflito interno por causa de seu irmão mais velho; Susanah, uma mulher paralítica que é a união de duas personalidades que deram bastante trabalho a Roland e Eddie; Jake, o menino que Roland encontrara e deixara-o “morrer” em O Pistoleiro; e até mesmo um mascote, um Trapalhão chamado Oi que tenta repetir a última palavra de uma fala humana. Contudo, o passado do protagonista ainda continua misterioso, apenas pincelado em algumas passagens da saga até o momento. Felizmente, o suspense de fundo histórico de Roland enaltece a curiosidade do leitor que não vê a hora para conhecer um pouco mais sobre esse personagem pitoresco.

As Terras Devastadas é superior ao seu antecessor (particularmente, eu gosto mais do primeiro, apesar da trama que não explica nada) e termina com um cliffhanger que mais parece o fechamento de um capítulo, sem um desfecho que encerre algumas questões da trama, o típico final que deixa um gosto de “preciso ler logo o próximo”.

The following two tabs change content below.
Após ter caído dentro de uma caldeira de narrativas, começou a apresentar alterações na sua atuação, podendo assim apresentar-se em outras classes como leitor, otaku, gamer e cinéfilo (cada uma delas em lvs distintos). Atrás de seu sonho em ser escritor, saiu de sua vila para desbravar novas terras e ganhar XP para conseguir batalhar no mercado editorial. Mas gosta de passar tempo demais treinando em dungeons e não tem muita paciência para as quests da cidade.

Latest posts by Luiz Fernando Teodosio (see all)