Resenha – Resident Evil: A Conspiração da Umbrella

março 20, 2014 em Artigos e Notícias, Literatura, Livros por Luiz Fernando Teodosio

Share Button

Não há gamer que desconheça uma das mais populares e lucrativas séries produzidas pela Capcom: Resident Evil — ou Biohazard (Perigo Biológico), no Japão. A franquia lançada em 1996 popularizou de vez o gênero Survivor horror, e por mais que a essência deste gênero tenha se reduzido nos jogos mais recentes da série, ela ainda conta com uma vasta quantidade de fãs e agrega certo valor no mercado midiático, o que lhe dá a possibilidade de ser transposta para outras mídias artísticas como cinema, quadrinhos e romances. Sobre estes, a romantização dos jogos da série começaram a ser escritas por S. D. Perry em 1998, e ao todo foram lançados seis livros — as histórias de Resident Evil Zero, 1, 2, 3, Code Verônica, e dois outros romances que contam tramas paralelas ao enredo do jogo. O primeiro volume intitulado A Conspiração da Umbrella já havia sido lançado pela editora New Pop; agora é a editora Benvirá que se compromete em trazer os demais romances da série.

Devem-se salientar dois tipos de leitores para esse livro: o leitor fã de Resident Evil e o leitor comum que apenas conhece os filmes ou nem isso. Para o primeiro, a leitura será uma experiência nostálgica, requentará o cenário simbólico da mansão de Spencer, da casa dos guardas, dos túneis subterrâneos e do laboratório, e terá uma visão mais aprofundada dos personagens, suas motivações e história de vida. Para o último, será a chance de conhecer a verdadeira história de Resident Evil (sem uma mulher chamada Alice) e, quem sabe, fomentar o desejo de jogar.

A Conspiração da Umbrella narra o enredo do primeiro jogo. Raccon City sofre com casos bizarros de assassinatos que se aproximam do canibalismo, nos arredores das Montanhas Arklay, e os S.T.A.R.S (Serviço Especial de Tática e Resgate do Departamento de Polícia de Raccon), divididos em equipe Alpha e Bravo, são requisitados para procurar os assassinos. A equipe Bravo sai na frente para investigar o cenário dos crimes, mas quando perdem contato com o DPR (Departamento Policial de Raccon), a equipe Alpha parte para investigar a situação. Ao pousarem o helicóptero no local onde os Bravo sumiram, uma região de grama alta e recheada de árvores, encontram a mão decepada de um dos membros e logo são cercados por cães descarnados. Em meio a fuga, o grupo avista uma enorme residência — já trazida à luz da investigação durante uma reunião, como um possível esconderijo dos criminosos. Restam apenas quatro membros da equipe Alpha: Chris Redfield, Jill Valetine, Barry Burton, e Albert Wesker. E eles precisam sair daquele terror no qual mergulharam, eles precisam sair daquela mansão.

É interessante as primeiras páginas do livro que mostram os fatos ocorridos antes da imersão da equipe Alpha na mansão, visto que o jogo começa exatamente quando eles adentram o lugar. Quem já se aventurou pela mansão de Spencer sabe que o jogo dá duas opções de campanha — Jill Valentine e Chris Redfield — e que cada um deles traz um desenvolvimento diferente no enredo. Portanto, S.D.Perry adaptou ambas as jornadas dos personagens numa única história, romantizando as cenas mais emblemáticas de cada campanha, por exemplo, Rebecca tocando Moonlight Sonata no piano e Jill Valetine sendo salva por Barry pouco antes de virar um sanduíche. Houve até mesmo adições de algumas cenas para dar um ritmo melhor à história, pois o leitor não passaria o livro inteiro acompanhando os personagens deduzirem quebra-cabeças. Sim! Alguns puzzles da mansão de Spencer que servem para esconder a localização do laboratório foram mantidos neste romance.

Com algum mérito da tradução, provavelmente, a escrita do livro consegue ser apreciável nas cenas de horror e ação. No entanto, as descrições se esforçam para particularizar o cenário, várias e várias vezes, e, embora a trama se encarregue de prender o leitor e a autora tenha pensado nos fãs ao tentar reconstruir o ambiente do jogo, esse problema desmotiva a leitura em alguns momentos, sendo, portanto, um considerável ponto negativo para o leitor não familiarizado com o jogo.

A Conspiração da Umbrella é recomendável para todos os que sofreram com os puzzles, zumbis e outras armas biológicas na mansão de Spencer. Ao leitor comum, pelo menos, embora não seja um grande livro, vale mais essa experiência do que assistir um filme da Alice.

The following two tabs change content below.
Após ter caído dentro de uma caldeira de narrativas, começou a apresentar alterações na sua atuação, podendo assim apresentar-se em outras classes como leitor, otaku, gamer e cinéfilo (cada uma delas em lvs distintos). Atrás de seu sonho em ser escritor, saiu de sua vila para desbravar novas terras e ganhar XP para conseguir batalhar no mercado editorial. Mas gosta de passar tempo demais treinando em dungeons e não tem muita paciência para as quests da cidade.

Latest posts by Luiz Fernando Teodosio (see all)