Review – Fullmetal Alchemist: Brotherhood

março 10, 2014 em Animes, Artigos e Notícias, Reviews de animes por Daniel Arquimedes

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Se existem animes que podemos classificar como clássicos, Fullmetal Alchemist: Brotherhood (FMA:B) com certeza é um deles, e um dos mais importantes. Lançado em 2009, pela Square Enix, a animação baseada no mangá de Hiromu Arakawa, se tornou referência de qualidade para o público. Para comprovar isso basta uma breve pesquisa na internet. Dificilmente se achará uma lista de melhores animes sem FMA entre os primeiros. Inclusive, o anime tem ocupado insuperavelmente o título de melhor anime no site MyAnimeList.

Edward e Alphonse Elric são irmãos, que inspirados no pai, desde cedo estudaram alquimia – uma técnica usada para modificar e transformar objetos em outros. Edward e Alphonse tiveram uma infância conturbada. Seu pai fora sempre ausente e em certo momento sua mãe adoece e morre. Desesperados, os irmãos tentam trazer sua mãe de volta à vida utilizando alquimia. Eles falham, descobrindo assim, na prática o porquê da alquimia humana ser considerada um tabu. Eles também entendem na prática a maior lei da alquimia: a lei da troca equivalente (Tōka kōkan), que diz que para se criar algo deve-se dar em troca algo de igual valor. Em troca da possibilidade de se fazer a poderosa alquimia humana, os irmãos Elric pagam caro: Edward perde sua perna e Alphonse seu corpo. E numa tentativa de salvar o irmão, Edward prende a alma de Alphonse em uma armadura vazia, dando seu braço como pagamento.

Agora, Edward (utilizando membros mecânicos – automails) e Alphonse partem em uma viajem em busca da Pedra Filosofal, que permitiria a eles recuperar seus corpos. Mas eles descobrem que há muito mais escondido por trás da lendária pedra.

pedra filosofal fullmetal alchemist brotherhood

É importante ressaltar que apesar de ter o começo igual ao antigo Fullmetal (de 2003), há uma grande diferença entre os dois, inclusive conceitual. A Pedra Filosofal, os Homúnculos e a Alquimia não são as mesmas coisas nos dois animes.

Uma das primeiras coisas que se nota ao assistir Fullmetal Alchemist: Brotherhood é a seriedade e fatalidade que envolvem a trama. Com certeza as cenas que mostram o passado dos irmãos são bastante chocantes e tristes. E essa estética acompanha o anime até o fim, se combinando com o grande envolvimento com os personagens, chegando ao ponto de se coagir o espectador a parar e pensar pelo “lado” dos vilões e se compadecer deles e de seu sofrimento. E tudo isso sem que fique artificial ou forçado.

O anime possui uma grande “densidade”. Nele há muitíssimo conteúdo embutido. Podemos notar várias camadas de informação, conceitos, ideias e conteúdo. Ao mesmo tempo que temos a trama principal dos irmãos Elric, há a apresentação do conceito, leis e funcionamento da Alquimia, do universo fictício criado, da política local e a lista continua.

E contribuindo para essa densidade temos os personagens secundários, que são fascinantes. É desenvolvido toda uma progressão pessoal de cada personagem, cativando grandemente o espectador. Nesse quesito, há um foco bastante grande no Coronel Roy Mustang – O Alquimista das Chamas, um dos personagens mais interessantes do anime, chegando a uma importância quase superior ao dos personagens principais.

Roy Mustang e Riza Hawkeye alquimista das chamas olhos de falcão

O universo do anime é muito legal e sólido, possuindo suas “leis fundamentais” que não podem ser quebradas e mantendo-se fiel a elas até o final. Há a noção de que assim como nós não entendemos nossa realidade completamente, eles também não entendem. Todo o background geográfico e político é muito bem feito. A relação de Amestris (o país onde se passa o anime) com os vizinhos não é ignorada, interferindo na trama e na trajetória dos personagens.

Mas, há alguns probleminhas. Apesar dos vários conceitos, existem lacunas gigantes. É notável que a alquimia do anime tem um caráter místico-científico, como é explicito em vários momentos do anime. Ao mesmo tempo em que se fala de elementos, composição química e experiências, se fala sobre canalização de uma “energia mística”, sobre Deus, almas, preces e coisas do tipo. Essa mistura é bem interessante, mesmo que não totalmente explicada, já que entendemos que os personagens também não a entendem completamente. Vale-se notar que nós não entendemos os fenômenos de nosso próprio mundo, como a gravidade, só sabemos onde ela está presente e como ela age, não seu total funcionamento.

O problema é quando o anime começa a derivar conceitos importantes de conceitos não explicados. A sequência de acontecimentos final do anime é um exemplo disso. Talvez chegue até a negar conceitos anteriormente dados ao Portão da Verdade, por exemplo. Mas, apesar de tudo, isso não é muito prejudicial para o entendimento e apreciação do anime. [spoiler] Ok, eu entendi que “um é tudo e tudo é um”, mas onde é explicado conceito do alinhamento planetário e de se tornar poderoso como Deus? [/spoiler]

humunculus fullmetal alchemist brotherhood

Com toda essa densidade do anime, houve uma grande gama de assuntos e lições que puderam ser tratados. Derivando da troca equivalente temos o conceito de sacrifício pessoal. Algo como “Eu não conseguirei nada sem dar outra coisa em troca, como meu tempo, ou meu esforço”. Temos em FMA:B vários outros assuntos que são igualmente bem explorados. Temos o conceito de unidade do universo, são exploradas perguntas sobre o valor da vida, “poder” e claro, política, morte e vontade de mudança.

Mas não pense que assim que começar a assistir sua cabeça vai explodir de tanta informação. Tudo é entregado aos poucos no decorrer dos 64 episódios. No começo só o básico para a aceitação da realidade fictícia do anime é mostrado. Com o tempo você entende do que se trata a Pedra Filosofal, os homúnculos, coisinha por coisinha. E essas informações dadas na dose certa geram com sucesso o ar conspiracionista que quiseram dar ao anime. Você entende que tem algo muito muito grandioso ocorrendo por trás das cortinas, mas só entende-se o que é de pouco em pouco.

Falando em conspiração...(Clique para expandir)

Mas Fullmetal tem algo que é bastante irritante: no anime todo, como já falamos, há grande tensão e sentimentalismo, necessitando assim de alívios cômicos e momentos mais leves. O problema é que nos primeiros episódios os alívios cômicos são colocados em momentos totalmente inoportunos, prejudicando o clima do anime, e até causando certa irritação em alguns. Com o tempo isso vai tomando jeito e sendo melhor explorado.

edward e alphonse elric e roy mustang fullmetal alchemist brotherhood

E ainda há outra coisa que pode deixar algumas pessoas bravas. O anime possui uma certa acidez e irreverencia em relação à assuntos religiosos. Por exemplo, Edward se declara ateu e critica a religiões por todo anime. [spoiler] Apesar do personagem principal ter “visto Deus”[/spoiler]

Sobre os quesitos visuais. Tudo é muito bem feito. FMA:B é uma superprodução, então é de se esperar que desenho e animação sejam perfeitos. O anime não abusa do 3D, apesar de apresentar ele em alguns momentos, diferente do que vemos por aí em muitos animes que usam desenfreadamente o recurso e acabam por prejudicar o visual. Mas, claro, não podemos dizer que o anime é perfeito. Existem alguns momentos que é notável uma pequena queda que qualidade de desenho e animação. Nada muito prejudicial.

Sobre a trilha sonora: ela é sensacional! As composições (que são muitas), são muito belas e entregam muito bem o sentimento de cada momento do anime. As músicas refletem muito bem toda a aura de todos os momentos. Há músicas mais enigmáticas, outras são mais tristes, outras apaixonantes. Ao todo foram feitos três CDs da OST (trilha sonora) do anime. Cheque a OST abaixo. Vale a pena!

Fullmetal Alchemist Brotherhood com certeza é um anime de grandíssima qualidade, mas não é um anime para todos os públicos. Por ser muito forte, apresentando cenas muito violentas e chocantes (às vezes até medonhas), não é recomendável ao “público desavisado”. Pessoas mais sensíveis podem ser atingidas por certos momentos do anime, incluindo pelas críticas religiosas. Por outro lado o anime é recomendadíssimo para pessoas mais acostumadas a animes desse gênero “mais pesado” e a pessoas que gostam de uma boa ficção fantástica ou científica.

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Lorde da cafeína e estudante da Academia de Magia de Escrita e Mídia. Consultor intelectual e motivacional da guilda. Ultimamente tem estudado bastante magia de cura pra tentar fazer com que esse site não acabe na merda.